“Saber e não fazer, ainda não é saber”. Lao-Tsé
Tem um momento difícil da nossa vida que é quando sabemos as coisas mas ainda não conseguimos fazer. É o ponto que separa o conhecimento da sabedoria. Como aprendi naquelas frases de efeito do facebook: “Conhecimento é saber que tomate é uma fruta. Sabedoria é não colocá-lo na salada de fruta”.
Estudando processos de mudança aprendi que isso não é burrice, e sim parte natural de um processo maior. A primeira etapa é quando não sabemos que não sabemos, a chamada incompetência inconsciente. Depois passamos pela fase da incompetência consciente: sabemos, mas não fazemos. Evoluímos então para o momento em que sabemos e fazemos, ainda com esforço, que é conhecida como competência consciente. Até o momento em que finalmente conseguimos fazer naturalmente. Bingo! Atingimos a competência inconsciente.
Tudo isso não é nada fácil… mas necessário. É um caminho sem retorno. Uma vez que tomamos consciência de algo, não tem como voltar atrás, ou deixar de saber.
Como dizia minha avó: “a ignorância é uma benção”. Mas, se por um lado, ela exime você de todo esse processo, por outro também lhe tira seu principal benefício: a evolução.
Uma vez ouvi uma história que muito me ajudou a entender esse processo e a ser mais gentil comigo durante a transição. Um sábio anda pela rua e desapercebido cai num buraco, depois de muito esforço consegue sair e segue caminho. No dia seguinte anda pelo mesmo caminho, e, desatento, cai de novo. Levanta e sai, mais rapidamente que da primeira vez. Terceiro dia. Por força do hábito, ainda cai, mas imediatamente sai. Quarto dia. Ele vê o buraco e já desvia.
Cair no buraco sabendo que onde ele está é um momento frustrante, mas é o mais próximo do momento de conseguir se desviar dele. Errar sabendo é doído. Mas se ao invés de raiva, culpa ou frustração colocarmos mais consciência nisso, estaremos mais próximos de deixar de cair no buraco. Pelo menos no mesmo buraco. Ou aprenderemos a sair cada vez mais rápido dele, até conseguirmos desviar.
Quem já tentou mudar sabe como é a jornada…Entre saber e fazer há um longo percurso. Afinal, quem não sabe o que tem que ser feito? E quem consegue fazer o que realmente precisa ser feito? Conseguir é transformar o conhecimento em sabedoria. E vida com menos buraco.
Mas vale lembrar que tem muita gente que passa a vida caindo nos mesmos buracos sem ao menos se dar conta. Às vezes, essas pessoas somos nós. E a percepção disso, acredite, já é um passo.
Sim, saber e não fazer não é tudo, mas é um bom começo. A frustração de não se conseguir mudar imediatamente – de precisar de esforço e mesmo assim às vezes voltar ao padrão antigo – não pode ser a razão para desistir da mudança.
Junte-se a isso o fato de que mudar pode levar dias, mas também meses, anos ou… encarnações (se você acredita nelas).
Também aprendi que, diferententemente do que pensamos, as grande mudanças não vêm de grandes decisões, mas de pequenas decisões repetidas com frequência e disciplina. Quem decide parar de fumar, por exemplo, tem que decidir novamente a cada momento que a vontade chega! Ou pra quem quer ficar sarado: não adianta ficar 24 horas na academia… tem que ir sempre!
Acredito que somos consequência de três elementos: como nascemos, o que aprendemos e o que escolhemos ser e fazer. Sobre esse último: a bola é toda nossa!
Como Eduardo Galeano nos ensina: “Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos”.
Boa sorte (e auto-compaixão) a todos que ousarem mudar!
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PATA
Patricia Giglio, a Pata, é um conjunto de arranjos e combinações às vezes contraditório: uma esportista, ativa e instrutora de yoga . Consultora e facilitadora de processos de autoconhecimento, ajuda a desenvolver pessoas e equipes para que possam “empreender-se” melhor e serem mais inteiros e conectados consigo, com os outros e com o mundo.
“Vamos marcar, poxa! Estou morrendo de saudades”... E lá se passaram dois,
A escuta é um processo importantíssimo na comunicação, e uma das grandes que
“Ouvir somente com os ouvidos é uma coisa. Ouvir com o intelecto é outra. Ma